Ao refletir sobre o farisaísmo na igreja do século 21, nos deparamos com uma realidade complexa e multifacetada que desafia a essência do evangelho de Cristo. Este fenômeno não é uma novidade histórica; já nos tempos bíblicos, Jesus repreendeu os fariseus por suas práticas hipócritas e pela ênfase excessiva nas tradições humanas em detrimento da verdadeira fé e justiça. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de iniqüidade” (Mateus 23:25). Este versículo ressoa com estrondosa relevância ao observarmos as tendências atuais de algumas congregações que se afastaram dos princípios fundamentais do cristianismo.
A igreja do século 21, em muitos aspectos, tem se tornado mística, antropocêntrica, mercantilista e desprovida de empatia pelos mais necessitados. Esse desvio dos ensinamentos de Cristo manifesta-se de várias formas, incluindo a exploração financeira por meio de dízimos, ofertas e votos manipulados, além da manipulação psicológica dos fiéis. Este comportamento mercantilista se opõe diretamente ao modelo de igreja proposto por Jesus, que enfatizava o amor, a compaixão e o serviço aos outros acima de tudo. “Pois eu tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era estrangeiro, e me hospedastes” (Mateus 25:35).
A crítica ao sistema religioso vigente não é um fenômeno recente, mas a forma como essa crítica é conduzida tem gerado debates acalorados, especialmente em plataformas públicas como reality shows e redes sociais. Embora esses espaços possam amplificar a mensagem, frequentemente resultam em mais escândalo do que em reflexão construtiva. A questão central não é apenas denunciar as práticas deturpadas, mas viver de acordo com o verdadeiro evangelho, que é puro e simples, fundamentado no amor e na justiça divina.
A verdadeira transformação da igreja começa no coração de cada crente, na busca por uma fé que não se baseia na ostentação, no poder ou na riqueza, mas na humildade, no serviço e na compaixão. “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de testar e aprovar a vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita” (Romanos 12:2). É essencial que os líderes e seguidores cristãos reflitam sobre suas práticas e se esforcem para alinhar suas vidas com os ensinamentos de Cristo, promovendo uma igreja que seja verdadeiramente um reflexo do amor, da justiça e da misericórdia divina.
Portanto, o desafio que enfrentamos hoje não é apenas reconhecer e denunciar o farisaísmo dentro da igreja, mas também viver e promover um cristianismo que espelhe fielmente os valores e ensinamentos de Jesus. Isso exige coragem, humildade e uma dedicação inabalável à verdadeira essência do evangelho, que é a base para uma igreja que verdadeiramente honra e glorifica a Deus.
Pr. Rilson Mota
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