Pr. Rilson MotaPr. Rilson Mota

Esperança e Preparação: Vivendo no Agora com o Olhar no Retorno de Cristo

Com base no versículo de 2 Coríntios 6:2, que nos diz: “Pois ele diz: ‘No tempo favorável eu te ouvi e no dia da salvação eu te ajudei.’ Eu lhes digo: Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação”, somos convidados a uma profunda reflexão teológica sobre a iminência do retorno de Cristo. Como teólogo com uma extensa formação e especialização na interpretação de textos sagrados, busco desvelar as implicações deste versículo, entrelaçando-o ao relato bíblico mais amplo sobre o fim dos tempos.

Essa passagem de 2 Coríntios ressalta a imediatez e a acessibilidade da salvação através de Cristo. Paulo, através de seu discurso epistolar, destaca a urgência de aceitar a graça concedida por Deus por meio de Jesus Cristo. Esta urgência não é meramente temporal, mas está intrinsecamente ligada à expectativa escatológica da comunidade cristã primitiva.

Para contextualizar nossa compreensão do retorno de Cristo, é imprescindível considerar as próprias palavras de Jesus em Mateus 24:36, onde Ele afirma: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”. Esta declaração sublinha a imprevisibilidade e a súbita ocorrência da Parusia, ou segunda vinda de Cristo, servindo como um aviso contra a complacência e um chamado à prontidão perpétua.

Ampliando ainda mais esse tema, 1 Tessalonicenses 5:2-3 nos lembra: “Pois vocês sabem muito bem que o dia do Senhor virá como ladrão à noite. Quando as pessoas estiverem dizendo: ‘Paz e segurança’, a destruição cairá sobre elas repentinamente, como as dores de parto sobre a mulher grávida, e não escaparão.” Aqui, Paulo utiliza uma imagem vívida para ilustrar a abruptidade e a inevitabilidade do retorno do Senhor, instando os crentes a viver em um estado de vigilância espiritual e integridade moral.

A noção de kairós, ou tempo determinado por Deus, permeia a narrativa bíblica. Gálatas 4:4 articula: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Este conceito de temporalidade divina fala da precisão com que Deus orquestra o desenrolar da história da salvação, culminando no evento escatológico do retorno de Cristo.

Ao entrelaçar esses fios escriturísticos, discernimos um tecido de verdade teológica que nos convoca a uma postura de expectativa e preparação. O retorno de Cristo, embora envolto em mistério quanto ao seu tempo, é uma promessa assegurada que galvaniza os fiéis à participação ativa na missão redentora de Deus.

Como teólogos e crentes, somos chamados a habitar na tensão do ‘já e ainda não’, celebrando o reino de Deus inaugurado pelo primeiro advento de Cristo enquanto antecipamos sua consumação em Seu glorioso retorno. Ao fazer isso, afirmamos com o Apóstolo João: “Amém. Vem, Senhor Jesus” (Apocalipse 22:20), vivendo nossos dias de maneira digna do evangelho, como faróis de esperança em um mundo à espera de sua redenção final.

Nessa jornada de expectativa e preparação para o retorno de Cristo, é essencial cultivarmos uma vida de santidade e serviço. O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, capítulo 3, versículos 11 e 12, questiona: “Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando e apressando a vinda do dia de Deus”. Essa passagem ressalta a responsabilidade moral e espiritual de viver de forma congruente com os valores do Reino de Deus, uma vida que não apenas aguarda, mas de alguma forma participa na aceleração da consumação divina.

A noção de ‘apressar’ o dia de Deus pode parecer enigmática, mas ela fala de uma ativa participação no plano redentor de Deus através da evangelização, do discipulado, da oração, do serviço e da promoção da justiça. Este é um chamado à igreja para ser uma comunidade que, em suas ações e esperanças, reflete a futura nova criação prometida por Deus.

Além disso, a vigilância espiritual mencionada anteriormente é complementada pela exortação à perseverança. Hebreus 10:36-37 nos encoraja: “Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, receberão o que ele prometeu. Pois em breve, muito em breve ‘Aquele que vem virá e não demorará'”. Essa perseverança não é uma passividade resignada, mas uma ativa confiança nas promessas de Deus, alimentando a fé através das dificuldades e provações, mantendo firmes os olhos na esperança de nossa salvação final.

A iminência do retorno de Cristo serve também como um lembrete pungente da necessidade de reconciliação e restauração nas relações humanas. Em Mateus 5:23-24, Jesus instrui: “Portanto, se você estiver apresentando sua oferta no altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta”. A urgência do fim dos tempos não diminui a importância das relações interpessoais saudáveis; pelo contrário, ela as intensifica, convidando-nos a viver em amor, perdão e unidade, refletindo antecipadamente a harmonia da eternidade.

Concluindo, o chamado bíblico para aguardar e preparar-se para o retorno de Cristo é um convite para uma vida de fé ativa, esperança vibrante e amor sacrificial. Este é um chamado não apenas para olhar para o futuro com expectativa, mas para viver no presente com propósito, sendo agentes do Reino de Deus aqui e agora. Que possamos, então, viver diariamente sob a graça de Deus, buscando Sua vontade e refletindo Sua luz em um mundo que anseia por redenção, até que venha o glorioso dia do retorno do nosso Senhor Jesus Cristo.

Pr. Rilson Mota

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